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Eu e o Daltonismo


Há muito tempo venho pensando em como começar a escrever aqui e sobre o que escrever aqui. Minha mente dá voltas em milhões de assuntos para abordar e temas para explorar: diferentes linguagens, diversas ortografias, várias gírias e até mesmo diferentes diagramações...


... Então vamos começar do começo.


O daltonismo entrou na minha vida por volta de 2015, quando eu já tinha 19 anos, recém-formado como Técnico em Mecânica pelo IFRJ (Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro). Após realizar a prova para um concurso de Mecânico Naval na Marinha do Brasil e ser aprovado, dei início à etapa de exames médicos. Com um bom estado físico, corpo saudável e, acima de tudo, motivado. Após passar pelas várias etapas do concurso, fui obrigado a enfrentar o chamado 'Teste de Ishihara'.


Até aquele momento, eu não tinha ideia do que era o daltonismo, embora guardasse na memória várias situações em que confundia as cores. No entanto, por falta de conhecimento sobre o assunto, eu presumia que poderia estar relacionado ao astigmatismo, condição que descobri aos 12 anos, quando tive dificuldade para enxergar corretamente quadros brancos e letreiros de ônibus.


 

A primeira reação foi jogar no Google e descobrir de fato o que era o daltonismo...


“ O daltonismo é um distúrbio visual hereditário que afeta a capacidade de perceber cor adequadamente. As pessoas com daltonismo têm dificuldade em distinguir certas cores, principalmente vermelho e verde, devido a uma anomalia ou ausência de células sensíveis à cor na retina. ”


E o teste ?


O teste de cores de Ishihara é uma desenvolvida para identificar o daltonismo e outras condições que afetam a percepção das cores. Criado pelo Dr. Shinobu Ishihara em 1917, este exame avalia a capacidade de distinguir cores, especialmente a dificuldade em diferenciar vermelho, verde ou azul. Consistindo na observação de cartões coloridos com círculos de tons variados, esse teste simples é fundamental para determinar se alguém tem dificuldades na distinção de cores.






Visão normal vê o número 8.
Daltonismo de verde-vermelho vê o número 3.
Daltonismo total não vê nada.






Visão normal vê o número 5.
Boa parte dos daltônicos não consegue ver esse número com clareza.


Nesse primeiro momento de fato, não entendi nada!


Só entendi que realmente eu tinha esse tal de “Daltonismo” e errava determinadas cores.


 


Neste momento, após ser reprovado no concurso devido ao daltonismo, me senti um pouco frustrado com meus planos. Até então, tudo que fiz na minha vida estava focado no meu sonho dentro da área de Mecânica Industrial e Projeto de Máquinas. Como uma forma de escapar dessas frustrações, retomei atividades que me traziam paz e tranquilidade. Foi então que redescobri a fotografia. Inicialmente, comecei timidamente, buscando registrar momentos da Roda Cultural realizada no meu bairro, QDN-Rap.


No início, o daltonismo não se mostrava presente nas minhas obras. No entanto, frequentemente perturbava minha mente durante o processo de criação. Muitas vezes, me sentia perdido na colorimetria e tentava encontrar referências que não fossem apenas visuais. Gradualmente, comecei a compreender os limites do meu daltonismo e até onde podia manipular as cores sem criar uma atmosfera irreal.

Inicialmente, eu era bastante tímido nas fotografias e tinha uma preferência especial por fotos noturnas.




Não.









Na verdade, eu só fiz fotos noturnas por um
bom tempo.

Como todo fotografo iniciante, a gente começa se preocupando apenas com o registro e o enquadramento do momento, com o tempo de estrada você começa a entender melhor o que é fotografia, o que fotometria, o que é cor, o que é luz, etc...


 

Mas quem NÃO tem Daltonismo de fato conhece todas as cores que existem?

 

Pensando no fato que eu tive formação em extas, quando eu aprendi a importância da Luz, lembrei que a Luz é Física na forma de Onda, e graças ao nosso Sol temos ondas visíveis e não visíveis. As cores que teoricamente enxergamos são as ondas visíveis, que por esse motivo apresentam um padrão visual e também de comportamento físico: frequência, comprimento de onda e amplitude. Entendendo isso, compreendi que o Sol como fonte de Luz nos envia o sinal através de ondas de luz, nossos olhos como receptores precisam decifrar esse sinal e mandar a informação para o cérebro para podermos aí sim dizer “que cor estamos vendo”.


E como nossos olhos recebem essa informação?


Entendendo que os cones são os nossos receptores de cores, não é à toa que essas cores são especificamente as cores primárias: Vermelho, Verde e Azul. Esses receptores, separadamente, captam as informações das cores que percebemos com nossos olhos. Há uma quantidade X de fotorreceptores para cada cor, e sabemos que todas as outras cores não citadas são provenientes da mistura das cores primárias.


Os bastonetes, por sua vez, têm a função de captar a luz e as sombras, sem interferir na percepção das cores. Isso nos permite uma melhor visualização das diferenças e contrastes, sendo também responsáveis pela nossa visão noturna. Eles realizam essa leitura sem capacidade de interpretar cores.


 

Dessa forma, se essa mistura for recebida de maneira equivocada no receptor (seja por falha no receptor ou pela falta de alguma cor específica), isso ocasionará uma interpretação ERRADA da cor.



Quando parei para entender de fato o que são as cores e o quanto a luz é importante no processo de fotografar, comecei a buscar estudar cada vez mais a fundo, entender até onde o daltonismo me afeta e até onde eu posso usar ele ao meu favor para desenvolver artes autênticas.


Hoje depois de 8 anos que me descobri como um Artista Daltônico, dou muito valor a minha arte e muito valor as cores, pois só a minha dificuldade me fez enxergar de fato o que são as cores na nossa vida e a importância delas ...


Por: Ed Martins (@daltonicobxd)





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